quarta-feira, 25 de dezembro de 2013

Enrolava um anel de cabelos nos dedos, ah, o amor! Esse ser vivo e velho, tão renovado nas bocas novas, nos corações novos, nos olhos enormes! Eu devia lhe pedir, fica, Rosa, tão linda você cheia de juventude, de ares, de nobreza, enrolando os cabelos que lhe desciam o rosto sem parar, indomáveis. Disse logo, porque cabia, já que a juventude traz consigo esse privilégio de amar bonito, gordo, romântico. Os amores antigos são bonitos sim, tem lá a sua graça por trás do mármore da solidez, do dia-a-dia...mas ah, esse frescor era sempre especial, disse porque ela era linda e amável mesmo e mocinhas assim são amadas ao horror, ao delírio, depois ficam com os olhos assim dóceis, mas cheios de pequenos mistérios de amor. Rosa, eu pedi, fica Rosa, eu te amo, me ame, vamos ser felizes, pede pro mundo parar! Mas é essa violência, esse roda roda desenfreado e colorido. Juventude. Eu sorria pra ela, antes que passasse, antes que se acabasse tudo e tivesse que se tornar uma penca de outras coisas. Me bastava somente essa solitude linda: eu e a Rosa, e esse sol insandecido do amor novo se enfiando na nossa pele iluminada, nos cabelos, nos dentes, nos ossos, nos nossos dedos entrelaçados.

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