sexta-feira, 28 de maio de 2010

"Mas e o pai, quem tem pena do pai?"

(LFT - Ciranda de Pedra)

quarta-feira, 19 de maio de 2010

Peço que dêem-me livros, letra impressa em papel poroso, vivo, palavras que sigam o rumo implacável do contato, da prensa, que possam me dizer de uma outra história implícita, submersa, de gavetas, lágrimas, amantes, esconderijos. Que cheirem nos meus poros, que sujem os meus dedos. Escrevem-me uma letra regular e impessoal dentro de uma figurinha de envelope, peço olhos, gestos, desvios. Ao menos letra que seja letra mesmo, borrada, corrida, trêmula. Me mandam recados bobos, sem gosto, e aqui continua vazio. Me arrumam carros de luxo para que eu ande sozinha ou com um gigolô, me fazem máquinas multiuso pra que eu não dependa. Me deixam ficar sozinha em casa com televisões, computadores, cobertores e uma solidão, Uma solidão filha da puta! Que a gente vai acostumando, e quando vê, pronto. É ela sempre.

segunda-feira, 17 de maio de 2010

Juro que um dia vou sair desse quarto escuro. Vou parar de sufocar o coração em sacos fundos como buracos negros. Vou parar de me perder, prometo. De me violentar. Vou esquecer o caminho tortuoso que me trouxe aqui e essas coisas banais que moram lá fora e passaram a morar também aqui dentro. Um dia. Um dia vou atravessar a porta lúcida, completa, inteira. Mas hoje não, vou ainda fazer o traçado sujo do meu apartamento até o barzinho, que o amigo da Manuela que andava sumido me ligou e me convidou com uma voz sedutora pra beber um pouco e ver os quadros na casa dele. Vou aceitar e sorrir, hoje, hoje parece muito vago pra me salvar.