quarta-feira, 19 de maio de 2010

Peço que dêem-me livros, letra impressa em papel poroso, vivo, palavras que sigam o rumo implacável do contato, da prensa, que possam me dizer de uma outra história implícita, submersa, de gavetas, lágrimas, amantes, esconderijos. Que cheirem nos meus poros, que sujem os meus dedos. Escrevem-me uma letra regular e impessoal dentro de uma figurinha de envelope, peço olhos, gestos, desvios. Ao menos letra que seja letra mesmo, borrada, corrida, trêmula. Me mandam recados bobos, sem gosto, e aqui continua vazio. Me arrumam carros de luxo para que eu ande sozinha ou com um gigolô, me fazem máquinas multiuso pra que eu não dependa. Me deixam ficar sozinha em casa com televisões, computadores, cobertores e uma solidão, Uma solidão filha da puta! Que a gente vai acostumando, e quando vê, pronto. É ela sempre.

Um comentário:

  1. posso?

    "seguro forte com as duas mãos seu presente, que levo no pescoço com todo o cuidado desse mundo, e de olhos fechados sofro a profecia que ouvi quando adolescente: "o mal do século é a solidão... cada um de nós imersos em sua própria arrogância, esperando por um pouco de afeição". e é ela sempre. por isso, hoje, penso em te dar um livro, letra impressa em papel poroso, vivo, palavras que sigam o rumo implacável do contato, da prensa, que possam te dizer de uma outra história implícita, submersa, de gavetas, lágrimas, amantes, esconderijos. Que cheirem nos seus poros, que sujem os seus dedos - e que estes, um dia, se juntem aos meus."

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