sábado, 19 de fevereiro de 2011

Howl - Florence and the machine

Uns amores assim repetidos numa cadeia, muito natural as incógnitas se seguindo, os números se acavalando nelas, sem forma; não entendo a equação, não sei interpretar. Já me disseram tudo, ó, até o valor do pi e eu não sei equacionar. Tanto livro, tanta teorema. E tudo que não cabia. Queria dizer à sua flor mais pálida e mais frágil que a amava até as lágrimas, assim, até o absurdo dos olhos verdes aguados dentro do miolo, confessar que se irritava muito muitas vezes com ela esmiuçando todos os fatos como um novelo, mas a amava desesperadamente, assim, uma tensão nas veias, do coração cordas pra tocar harpa pra ela. Queria subir num tom mto alto como da música e se jogar de lá de cima quantas vezes fosse necessário para perder um pouco desse exagero, desse descabimento todo. O amor vai nos matar, Ondina, é inevitável. Entrelaçamos os dedos, pra dar força. É destino. Se pudesse, diria a Deus: fique sabendo que eu amo demais para suportar.
Amava um mundo inteiro de coisas que lhe doíam o coração. E era só isso, um pedaço do todo. Difícil demais essa separação intransponível entre o que somos e o que amamos. As veias rugiam pra fundir, mas a pele não deixava mais. Sofria. E que tinha um puta medo disso tudo que devorava e dessa definitividade que é traçar uma linha torta e tênue e ver o traço grosseiro e retalhado do destino ir se sobrepondo, irreparável. Mas ele diria, ensaiar tiraria o sabor. Eu seria obrigada a concordar, e a me curvar, me curvar e aceitar o peso louco das asas largas demais e do amor muito longo, minha cruz de madeira, meu perjúrio, meu sacrifício. Meu corpo. Meu couro prometido num contrato. Minha cabeça na bandeja. Minha sentença. E eu aceitava...me curvava lentamente e aceitava o peso, o medo e a beleza daquele desgoverno. Oferecia o pescoço; era também se libertar. E eu aceitava. E sorria, até. Premeditadamente livre.

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