quinta-feira, 28 de abril de 2011

Eu sei, a gente promete tanta coisa. Diz que dessa vez não vai fazer aquelas bobagens, não vai cometer os mesmos erros, aí, ó. Diz que não vai dar com a cara na parede e que é pra valer. Que vai ter calma, sobretudo muita calma pra ver como tudo fica. Mas a gente não faz. Mas eu acho bom, sabe, menino? Que meu coração volte pulsante. Se eu tiver que voltar, eu posso até sofrer um pouquinho, você sabe, eu me apego, me iludo, fantasio; e não faz mal, fico assim aliviada de descobrir que não morri ainda e as coisas não seguem pelo costume, porque Deus nos dá corda todos os dias pra repetir os dias. Não. Tem um algo aqui dentro que não morreu, e não vai morrer porque é isso, meu bem, é isso que salva e dana a gente e se não fosse assim, seríamos pra quê? É dessa matéria que se fazem os homens e os livros. Estamos todos predestinados; é questão de fugir ou deixar. Se eu pudesse te pedir uma coisa, pediria isso: que se deixasse ser. E que segurasse minha mão mais um pouco porque eu sinto sua falta de uma maneira meio órfã.

2 comentários:

  1. Olha, gostei muito. Muito mesmo.

    Me lembrou muito Clarice. Uma beleza de texto, adorei. Uma graça.

    beijo

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  2. Gosto tanto do jeito que você escreve. E lembra Clarice mesmo, concordo com a Dai.

    Beijos.
    :)

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