terça-feira, 7 de dezembro de 2010

A letra dela povoava, espalhafatosa. Quando tinha ficado violenta assim, meu Pai? Quando? Quando foi que o f ficou agigantado, enorme, partido? O rosto cansado, enfiado, caí aqui, Letícia, você tem um grampeador aí? Toda vinda de outro lugar, a Talita ficaria horrorizada se te visse assim, toda dessa cor insólita e fora daqui, mexa-se, anda, mexa-se! Nós vamos sair, dar um jeito nesse cabelo e pense em quem vai levar pra festa da Daiana, é semana que vem, e a fantasia? Ah, não sei, meu bem...e rir aquele riso frouxo, de graça. Hoje vai ter macarrão e vinho, tá?! Daqui a pouco no jantar. Ela sorriu de leve, não entende nada, o que é que vai ser dessa menina, hein, meu pai? Fechou a porta com cuidado mas de qualquer lugar da casa se ouve ela andando pra lá e pra cá recitando seus poemas técnicos, quando foi que ficou assim violenta? Os ps se espalhando por todo o lado, agressivos. Acho que a gente tem ficado muito envolvida, mas é sempre assim, não é?! E pára de prestar atenção, a Lô com esse coração pesado, o corpo gritando, estou com medo estou com medo estou com medo! Será que você não quer um coração novo, hein, menina? Que é que vai fazer com tanto pregador e folha e esse silêncio dos infernos, hum? E os olhos no espelho, sempre perguntando...como é que eu vim parar aqui? O que foi que aconteceu que eu mal vi, como foi que ficou tudo assim?

Um comentário:

  1. violenta e técnica...
    ... técnica violenta. violações, ou volatilidade? brincando com as palavras, morro de medo de escritas gordas e que quase atravessam o outro lado da folha, de tão fortes. técnico pensar que seus donos são violentos, não? quase fascista, e se ele for um artista?
    rs... parei. tô abusando do alfabeto hoje. beijo, bonita.

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