terça-feira, 27 de julho de 2010

- Luiza, abre a mão.
- Não quero. É meu.
- Mas assim você vai matá-lo! Quer que morra, é?
- Não.
- Solta, Luiza.
- Não posso, mamãe...por favor.
- Vai se sentir culpada e Deus vê tudo, já lhe disse isso, vai achar você cruel e ninguém gosta de gente assim. Nem Deus. Nem ele, coitadinho, que não tem nada com isso, pra quê machucá-lo?
E como já batia um pouco desesperado na sua mão, a vontade doendo nas veias, a posse rugindo e dizendo não e mantendo as mãos fechadas, impiedosas. Fazer sem pensar, fica mais fácil. Abriu os dedinhos e afastou as mãos. Foi embora. Com um suspiro profundo, ela desabou na grama sentada, com uma dorzinha de saudade e outras mais, ferozes, altas. Os olhos encheram d´água mas resistiu, apesar da raiva. Um amor cruel, desses que pedem pra si. Cheirou as mãos, depois passou-as no vestido pra se livrar dos vestígios, mas criança esquece rápido.

3 comentários:

  1. Olá! Retribuindo a visita =)
    Crianças esquecem mesmo rápido, mas ainda assim as lições e vivências desses momentos pequenos ficam.
    Tenha um bom dia ;)

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  2. Quem dera ter a felicidade de uma criança agora.

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  3. eu já acho que crianças não esquecem nunca. só vão crescendo e apertando outras coisas...

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