quarta-feira, 24 de março de 2010

Quero te dizer que estou aqui, deitada no escuro ao lado de um amante que não amo. E que eu desejava que você viesse assim com um amor enorme e bonito como uma flor, que pudesse me salvar. Um amor que me salvasse do fundo do poço. Ponho a roupa da festa de ontem, impregnada pela baixeza de todas as noites. Preciso sair daqui rápido, rápido! Pouso a mão nas costas nuas só pra sentir, ele é quente como um urso, mas sem amor, sem amor. O amante que eu nunca amei como outros tantos, como outras camas, como outros dias. Violada pelo amor que eu não tive, meu bem. Amor largo, bonito, colorido. Amores pequenos, devios, sismas, necessidades. Me lavo freneticamente na água fria, esfriar o corpo e o sentimento de não pertença que precisa passar logo, o trabalho em 45min. Pegar o carro, por um sonzinho fudido dessas bandas fodidas, e esperar passar, pensar na roupa, no transito na Vargas, na mãe no telefone pedindo que fosse. Mãe, mãe...quisemos tanto, nós duas. De tanto tive tanto, mas faltou isso: um amor bom. Não queria que me visse assim, refém-avessa da minha passionalidade que desde muito judiou de mim. Fiquei opaca desses dias solitários, dessas ruas sempre solitárias.

2 comentários:

  1. largo, bonito, colorido. largo... bonito e... colorido. largo e bonito... colorido.
    se eu pedir mais uma vez, você vai escrever de novo bonito assim?

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  2. Esse sentimento de não pertença...
    Isso afunda a gente de dentro pra fora de um jeito que não dá nem pra dizer!

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