Peço que dêem-me livros, letra impressa em papel poroso, vivo, palavras que sigam o rumo implacável do contato, da prensa, que possam me dizer de uma outra história implícita, submersa, de gavetas, lágrimas, amantes, esconderijos. Que cheirem nos meus poros, que sujem os meus dedos. Escrevem-me uma letra regular e impessoal dentro de uma figurinha de envelope, peço olhos, gestos, desvios. Ao menos letra que seja letra mesmo, borrada, corrida, trêmula. Me mandam recados bobos, sem gosto, e aqui continua vazio. Me arrumam carros de luxo para que eu ande sozinha ou com um gigolô, me fazem máquinas multiuso pra que eu não dependa. Me deixam ficar sozinha em casa com televisões, computadores, cobertores e uma solidão, Uma solidão filha da puta! Que a gente vai acostumando, e quando vê, pronto. É ela sempre.