quarta-feira, 17 de fevereiro de 2010

Quarta feira sem cinzas

Voltou com os pés se arrastando, hesitando largar a avenida. Fechou a porta, tirou a camisa colorida. Sentou. Reboou o silêncio na rua. Dentro ainda tocava forte a bateria, batendo dentro do corpo. Lavou os olhos, lavou as mãos, os pés que tinham percorrido todas as ruas sujas. Água clara do carnaval. Ainda tinha confete na cabeça, cheiro de alcool, um sorriso largado na boca, meio sonso. Carnaval. A água descia translúcida como a mágica de voltar a vida ao normal na quarta de cinzas. Pronto, fantasia guardada, memória também, muita água, voltar pro trabalho. Mas o bom é carnaval. Absolutamente sem regras, só a bateria tocando forte nos braços, nos pés soltos, e o povo cantando, cantando, você vale ouro, todo o meu tesouro! E as meninas bonitas sambando, alegres, penas, chapéus, óculos, vamo descê, vamo descê! O samba descendo morro abaixo e o dia virando, virando sem parar e o povo na rua...ô, Carnaval!

2 comentários:

  1. E qualquer tristeza se esvai na água clara do Carnaval...

    ResponderExcluir
  2. esse ano, fui uma das últimas a largar a rua, negando um beijo e com uma lata de cerveja morna na mão, já cheia de saudades e com começo de ressaca. eu não fico triste quando chega o carnaval, não tem porquê questionar a cor dos confetes em fevereiro.

    e...lais, me passa um outro contato seu? juro que queria bater um papo em tempo real com você. (:

    ResponderExcluir